terça-feira, 18 de maio de 2010

A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM-CONCEITO

Importa, antes, mencionar e relembrar a importância que assume, a polissemia dos signos, procurando compreendê-los e explicá-los.

Para isso, Rudimar Baldissera propõe-se a tríade:
Imagem-físico/visível;
Imagem-linguagem; e
Imagem-conceito.



IMAGEM-FÍSICO/VISÍVEL

O mundo impressiona o eu por meio da imagem que dá de si. É o mundo que se manifesta de diferentes formas e se projecta visível; É a visão que o capta e o organiza. O olho capta impressões que, quando articuladas e dotadas de significação, podem constituir-se em informações para o (re)conhecimento do mundo sensível.

Antes de a mente humana conseguir atribuir sentido ao que está a captar, a qualidade e a força (sob o prisma da semiótica de Peirce, a qualidade estaria contemplada por aquilo que denomina de “primeiridade” e a questão da força, pela “secundidade”) da luz se fazem sentir à consciência imediata como tom, matiz, existência. É a experiência das sensações e do próprio existir em relação, pois o mundo se apresenta ao humano, desde os primeiros contactos estabelecidos pelo recém-nascido, como imagens visuais “que invadem a experiência existencial e vão confeccionando um sentido do mundo, um mundo para nós. Por meio das imagens significativas do mundo, vamos tecendo nossa identidade.

Ao mesmo tempo, que o mundo, mediante imagens, sensibiliza a psique, essa, por seu turno, toma impressões do mundo.

Como construção física, a imagem física parece ser privada de juízo de valor, de apreciação simbólica; fenômeno físico-sensível, a imagem física é a instância básica da categoria imagem.


IMAGEM-LINGUAGEM

As imagens físicas podem constituir-se em linguagem, isto é, podem receber significação, ser codificadas, assumindo o carácter de linguagem imagética e, dessa maneira, podem ser empregadas nos processos comunicacionais. É o “domínio das imagens como representações visuais: desenhos, pinturas, gravuras, fotografias, imagens cinematográficas, televisão, infográficas, ...

Imagens, nesse sentido, são objectos materiais, signos que representam o nosso ambiente visual”. Com base em convenções socioculturais, as imagens físicas, teoricamente, podem ser captadas, codificadas e empregadas como mensagens, ou parte de mensagens, para que os sentidos aí dados levem o leitor a realizar determinadas interpretações.

Também é preciso pensar naquelas imagens que se formam na mente, a partir da articulação de linguagens, especialmente, a verbal. Esse é “o domínio imaterial das imagens na nossa mente. Elas aparecem como visões, fantasias, imaginações, esquemas, modelos ou, em geral, como representações mentais.


Nesse sentido, é possível “distinguir dois tipos de processos imaginativos:

- o que parte da palavra para chegar à imagem visível; e
- o que parte da imagem visível para chegar à expressão verbal.

Pode-se dizer que, por exemplo, uma descrição remete, imediatamente, a um processo de construção de imagens mentais. Ao ler, “somos levados a ver a cena como se esta se desenrolasse diante de nossos olhos, se não toda a cena, pelo menos fragmentos e detalhes que emergem do indistinto. Tais imagens são codificadas, têm significação.


IMAGEM-CONCEITO

Além de se realizarem como Imagem Física ou como Imagem-Linguagem, as imagens podem manifestar-se como juízo de valor, apreciação, conceito que uma mente humana (ou grupo) atribui a alguém, a algo ou a alguma coisa (pessoa, instituição, organização, processo, objecto, ...).

A imagem designa fenómenos distintos que têm em comum a propriedade de serem “representações”. Assim como a imagem, em seu sentido comum, visual, representa ou apresenta algo para alguém assim também o faz a imagem em seu sentido figurado.

A noção de Imagem-Conceito é explicada como uma construção simbólica, complexa e sintetizante, de carácter judicativo/caracterizante e provisório, realizada mediante permanentes dialécticas entre uma diversidade de elementos-força, tais como as informações e as percepções sobre a identidade (algo/alguém), a capacidade de compreensão, a cultura, o imaginário, a psique, a história e o contexto estruturado.

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