quarta-feira, 5 de maio de 2010

A DIVISÃO DO SIGNO PIERCIANO

OS SIGNOS PIERCIANOS PODEM SER DIVIDIDOS COM BASE:

A. Na natureza das coisas em que os signos aparecem e podem ser:


- Verbais: Quando as coisas em que eles aparecem são palavras ou construções delas decorrentes e podem ser de duas espécies: Verbais Orais e Verbais Escritos;

- Não-Verbais: Quando as coisas em que eles aparecem são fenómenos diferentes de palavras ou construções deles derivadas e podem ser de cinco diferentes espécies: Visuais, Auditivos, Táteis, Olfativos e Gustativos.


B. Na natureza da relação entre as coisas em que os signos aparecem e as coisas que eles representam e podem ser:


- Símbolos (signos simbólicos ou convencional-simbólico): Os signos são simbólicos quando a relação entre as coisas em que eles aparecem e as coisas que eles representam é de carácter convencional e, por conseguinte, baseado apenas num acordo entre os sujeitos comunicantes, no sentido de que isto, embora não tenha nada a ver com aquilo, deve ser aceito como a sua representação. É com base neste factor (a convenção) que o animal cão pode ser representado não apenas pela palavra cão, no idioma português, mas também pelas palavras perro, dog, hund etc., nos idiomas: espanhol, inglês e sueco, por exemplo.

- Ícone (signos icónicos ou qualitativo-icónico): Os signos são icónicos quando a relação entre as coisas em que eles aparecem e as coisas que eles representam é de carácter imitativo e, portanto, baseada não mais numa simples convenção, mas em dada semelhança entre os dois tipos de coisas, no sentido de que, se isto parece com aquilo, de modo que, percebendo-se isto, lembra-se imediatamente daquilo, então a primeira coisa pode ser tomada como representação da segunda coisa. É com este neste segundo factor (a semelhança entre os dois tipos de coisas) que a figura (referente ao desenho, à fotografia, à escultura etc.) do animal cão pode ser tomada como representação do próprio animal cão; as cores: vermelha, branca e azul (com as 10 estrelas amarelas), que aparecem na bandeira do nosso país, podem ser tomadas como representações das lutas, bem como do céu e mar límpido e iluminado e as 10 estrelas amarelas que representam as ilhas.

- Indícios (signos indiciais ou singular-indicativo): Os signos são indiciais quando a relação entre as coisas em que eles aparecem e as coisas que eles representam é de carácter não mais convencional, nem tampouco imitativo, mas associativo, no sentido de que, se isto costuma vir sempre associado (quer dizer, junto, conectado ou vinculado) àquilo, de maneira que, percebendo-se isto, lembra-se imediatamente daquilo, então a primeira coisa pode ser tomada como representação da segunda coisa. É com base neste factor (a associação) que, por exemplo, os rastros de um cavalo podem ser tomados como representação não só das patas do cavalo, mas também do próprio cavalo e, inclusive, do cavaleiro que, possivelmente, nele vai montado e, ainda, da direcção que ele tomou; as nuvens que aparecem no céu, tornando-se paulatinamente mais escuras, podem ser tomadas como representação da chuva que, possivelmente, irá cair; os sons que vêm de um bosque situado nas proximidades da estrada por onde vamos passando podem ser tomados como representações da cachoeira que, certamente, ali existe; o cheiro que vem dos fundos de uma casa, não muito distante do local por onde estamos transitando, pode ser tomado como representação do jantar que, sem dúvida, ali está sendo servido; o sabor do café que, quando estamos de visita a uma casa, nos é trazido da cozinha, pode ser tomado como representação da habilidade (ou inabilidade) da cozinheira, etc.


NOTA:

E já que a noção de não-verbal surge por oposição a verbal, podemos dizer que não-verbais são aqueles que, embora manifestos através de outros fenómenos, diferentes de palavras, o papel que desempenham é idêntico ao desempenhado pelas palavras. Logo, são também um meio de representação.

Num texto narrativo-literário, os Signos Verbais aparecem em dois diferentes planos, que são o da escritura, constituída de signos verbais grafo-visuais e o da narração, constituída de signos verbais fono-auditivos; os não-verbais aparecem num único plano, que é o do enredo, constituído de signos não-verbais figurativos ou imagéticos.

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