quarta-feira, 5 de maio de 2010

CONTRIBUIÇÕES DA SEMIÓTICA PIERCIANA

A semiótica de Charles Sanders Peirce oferece subsídios para se pensar a comunicação contemporânea, cujo diferencial básico é a ênfase em processos colaborativos de mediação sociotécnica.

O modelo peirceano da semiose pode ser considerado um modelo abstracto de comunicação, no qual o objecto ocupa o lugar lógico da emissão, o interpretante o lugar lógico da recepção e o signo (ou representamen) o lugar lógico do meio/mensagem. Nessa perspectiva teórica, as operações semióticas de determinação e associação, que circunscrevem a mediação sígnica, podem ser compreendidas, respectivamente, nos domínios da transmissão (que caracteriza a lógica mediática de comunicação) e da colaboração (que caracteriza a lógica hipermediática de comunicação).

A Teoria dos Signos, criada por Charles Peirce, desempenha um papel de extrema importância em diversos estudos do campo comunicacional. Peirce rompeu com a dicotomia significante/significado, esclarecendo o processo de significação, com a sua noção de interpretante. Também propôs as tricotomias do Signo em relação a si mesmo, ao seu objecto e ao seu interpretante. Nunca chegou a dar como rigorosamente acabada a sua divisão e classificação dos diferentes tipos de signos.

A classificação mais importante do signo peirceano é a que o divide as três tricotomias e as 10 classes principais, embora Peirce afirme, também, a existência de 10 tricotomias e 66 tipos diferentes de signos, entretanto, nomeia apenas o seu modo de geração e não cada classe em particular. Isto porque um signo nunca aparece como signo "puro". A tricotomia peirceana é um método de análise que permite distinguir entre diferentes aspectos da semiose, mas, quanto à sua realização ou ocorrência no mundo, nenhum signo pertence exclusivamente a uma destas classes.

Os signos podem assumir características diversas segundo os casos e as circunstâncias em que os usamos. Todos necessitam, como vimos, nas definições, do tipo de signo de ordem anterior (ou do seu contexto). Como dizia Peirce, “todo o signo tem um preceito/uma regra de explicação, segundo o qual ele deve ser entendido como uma espécie de manifestação do seu objecto”. Este processo é contínuo. O signo e sua explicação formam outro signo. E este provavelmente exigirá uma explicação adicional, o que formará um signo ainda mais amplo. E assim, sucessivamente. As afirmações podem ser falíveis, como advertiu Peirce diversas vezes. “Na comunidade de estudiosos, o processo global de desenvolvimento dessas formulações através da observação e do raciocínio abstracto de verdades que devem permanecer válidas quanto a todos os signos utilizados por uma inteligência científica, constitui uma ciência da observação, como qualquer outra ciência positiva, não obstante o seu acentuado contraste com todas as ciências especiais que surge de sua intenção de descobrir o que deve ser e não simplesmente o que é no mundo real”.

Considerado Sistemático para uns e não sistemático para outros, o pensamento de Peirce tem dado motivo a várias interpretações, mas com unânime reconhecimento de seu pioneirismo na lógica e na semiótica.

A grande contribuição de Peirce, foi exactamente criar um modo onde podemos classificar um signo por meio de um método lógico. Peirce tentou fundar uma ciência geral dos signos que pudesse dar conta do mundo, da experiência humana e garantir a sua comunicabilidade. A sua reflexão sobre a linguagem, o signo e significação pontua os momentos mais importantes da história do pensamento ocidental.


._._.
No próximo post terão a continuidade com a perspectiva semiotica de Ferdinand de Saussure e a sua noção de signo.
Até lá, bons estudos e não se esqueçam do trabalho prático de análise semiótica do conto popular "O Capuchinho Vermelho" que iniciamos na aula anterior. Quero ver como é que andam essas cabeças semiotizadas. :)

2 comentários:

  1. olá, professora:
    No nosso grupo estamos a fazer uma interpretação da hístoria do «capuchinho vermelho» de uma forma geral (tirando lição do moral da historia) e também entrando um pouco na matéria dada!!!!
    Agora não sei como será.... Mais vamos lá ter na qunita feira (...)

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  2. Exactamente isso que devem fazer: a vossa interpretação e depois justificarem nas teorias tanto de Saussure, como de Pierce.
    Por exemplo, pegando no Significante "Floresta" (que é o caminho que havia sido proibido pela mãe) e dar-lhe o significado de acordo com a vossa interpretação que pode se ser: perigo, caminho errado, desobediência, etc., já que a mãe lhe tinha dito para seguir o caminho e não os trilhos da floresta. Vejam que a interpretação que vocês darão é a vossa própria. Como vos disse na aula, a floresta pode também ter o significado de "mundo novo" que a Capuchinho não conhecia (devido às regras rígidas) e a sentiu-se tentada em lá ir. O lobo lhe disse: "Vais como se fosses para a escola (caminho rígido), quando há tantas, flores que podem ser apreciadas na floresta, os raios do sol (luz/conhecimento)" e por aí vai...
    O Significado, lembrem-se é a ideia, a interpretação que cada um de nós faz de algo, de acordo com a nossa sociedade, a nossa cultura, as nossas experiências próprias, etc...

    Espero ter dado uma mãozinha.
    Até a aula.

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