Ora, vamos lá ver, essa coisa esdrúxula do Signo – Singnificante – Significado - Significação do nosso querido Saussure...
De acordo com ele (e não só), as linguagens são sistemas de signos e o estudo desses signos, objecto próprio da Semiologia por ele defendida, ajuda a compreender os mecanismos da comunicação.
Como já vimos na aula, o Signo é um “sinal que ocupa o lugar de qualquer coisa que é conhecida pela experiência”. Assim, a palavra “cão” tem uma significação em função da nossa experiência geral dos cães. Qualquer pessoa que habitasse uma ilha em que não existissem cães, não saberia a que é que se referia esta palavra.
O Signo é, pois, uma noção complexa que designa todo o meio de encarnar a representação mental de um objecto, de uma ideia, de um desejo, a fim de os tornar transmissíveis sob a forma de mensagem. Portanto, é o Signo aquilo que representa uma coisa diferente de si.
Ferdinand de Saussure, ao estudar o signo linguístico, aquele que é utilizado pela linguagem verbal, distinguiu dois componentes que o formam:
O SIGNIFICANTE, que é o elemento perceptível do signo e que constitui, de certo modo, uma “imagem acústica” (Perspectivando Pierce, seria o Objecto (geral) e/ou o Representamen (específico)). Situa-se no plano da forma/continente (isto é da sua parte material, da linguagem); e
O SIGNIFICADO, que não é uma coisa, mas a representação mental dessa coisa. É o conceito. (Em comparação com a teoria Pierciana, podem imaginar que seja o Interpretante). Situa-se no plano do conteúdo (portanto da mensagem, da interpretação).
Para melhor entenderem, vamos lá ver um exemplo que melhor mostrará a correspondência entre Significado e Mensagem e entre Significante e Linguagem:
Imaginem que João experimenta um sentimento de amor em relação a Maria; Esse sentimento é o conteúdo potencial de uma mensagem mas, enquanto não for expresso, não constitui um elemento de comunicação. Esse sentimento, mensagem virtual, imaterial, é o significado que João pode exprimir através de palavras – “amo-te” –, que é um significante linguístico –, através de gestos ou manifestações (significantes não-verbais). O signo é, portanto, não apenas a expressão “amo-te”, ou os gestos (Significantes) mas, igualmente, o sentimento expresso.
O Significante e o Significado, formando, assim, o Signo, uma entidade psíquica com duas faces, a combinação do conceito (Significado) e a imagem acústica (Significante) e a essa relação, Saussure denominou-a de SIGNIFICAÇÃO, isto é, o acto que une o significante ao significado e que constitui um elemento essencial do signo.
Tomemos como exemplo, o tal ramo de rosas que vos expus na aula:
Faço o ramo significar o meu afecto, a minha paixão. Existirá aqui, apenas um Significante (as rosas) e um Significado (o meu afecto/a minha paixão)? Não! Aqui, apenas existem as rosas “passionalizadas”. Essas rosas, carregadas de paixão (Signo), se deixam, perfeita e justamente, decompor em rosas (Significante) e em paixão (Significado).
Tomemos outro exemplo - “Uma pedra negra”:
Posso fazê-la significar de várias maneiras. Ela é um simples Significante. Mas se a carrego de um significado definitivo (condenação à morte, por exemplo, num voto anónimo), ela tornar-se-á um Signo. Portanto a Significação é o processo/o como dar significado ao significante.
Bom é isso...
Ficou esdrúxulo, pessoal?
Até a próxima… :D
Amigo!! Valeuu!!!!!!
ResponderEliminarLi vários artigos, e ninguém explicou tão preciso quanto você!!
O talento para o ensino não é uma técnica comum; poucos a desempenham com habilidade e sensatez.
Amigo!! Você detém esse dom maravilhoso, que ensinar com simplicidade e clareza meridiana.
Há tempos que procuro entender esses conceitos. Você superou!!
Parabéns, parabéns.
Wanderley
São Paulo/SP
Tenho de concordar com Kataloykan. Está um texto muito bem conseguido, claro e sucinto. Durante a minha licenciatura a linguística era um autêntico bicho, ninguém lhe ficava indiferente (para não falar do pobre Sausurre, quantas vezes amaldiçoado depois da morte). Mas a verdade é que muitos professores - de intelecto inegável, é certo - simplesmente não têm o condão de fazer chegar aos alunos as ideias-chave, muito menos desenvolvê-las. Folgo em saber que a linguística ainda está em boas mãos.
ResponderEliminarVoltarei ao blog, com certeza.
Parabéns por essa explicação, achei muito interessante! alem de ter me ajudado ^^ continue assim
ResponderEliminarMUITO BOM, MUITO DIDÁTICO. PARABÉNS!
ResponderEliminarMaria Jose C. SAles
Parabéns, amei sua explicação, ela é bem clara e simples.
ResponderEliminarvaleu tirei minhas duvidas estou estudando p um concurso obrigd
ResponderEliminarOlá professor, sou aluna de Psicologia aqui no Brasil.
ResponderEliminarUtilizei sua explicação, dando o crédito e fonte, com um grupo de adolescentes toxicômanos. Estamos desenvolvendo um projeto de estágio chamado: Oficina da Palavra e suas explanações foram muito úteis. Obrigada.
Sua explicação foi simplesmente perfeita. No último exemplo consegui compreender sua exposição, brilhante.
ResponderEliminarNossa...simplesmente maravilhoso!
ResponderEliminarComo explicar o uso do conceito de semiótica "a-significante", como um campo de fluxo de signos associados à "servidão maquínica" de Deleuze e Guattari?
ResponderEliminarMto bem explicado, finalmente consegui entender. Obrigada!! :)
ResponderEliminarMto bem explicado, finalmente consegui entender. Obrigada!! :)
ResponderEliminarParabéns! Estava estudando para ministração de um curso e sua explicação elucidou completamente minhas dúvidas!!! Mais uma vez parabéns e parabéns!!!
ResponderEliminarinteressante
ResponderEliminarEntendi sua explicação como se fosse uma canção para os meus ouvidos.voce conseguiu fazer o meu entendimento fluir...obrigada! Elizabeth 3° estágio pedagogia
ResponderEliminarFico contente por ter encontrado um texto muito didático.
ResponderEliminarObrigado
muito bom!!!
ResponderEliminarMuito bom!
ResponderEliminarAgora sim entendi! Nada como um professor pra explicar. Obrigado —-‘-{@
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